terça-feira, 22 de março de 2011

Na Cadência do samba...



"Sim, minha carne é de carnaval e meu coração é igual!

Das maravilhas de uma terra de todos, da diversidade e de todas as raças, o samba dela é o que me deixa mole, alegria contagiante. Afinal quem não gosta, ou é ruim da cabeça, ou é doente do pé.

Da alegria contagiante, tinindo trincando à dança da solidão, pura melancolia poética de um coração leviano que logo se transforma no "verde que te quero rosa". No pagode do vavá ou no samba do Arnesto, uma feijoada completa a uma roda viva de sentimentos, esse rio que passou em minha vida desagua na mais nobre das heranças dessa terra, a nobreza do samba.

A malandragem, o copo cheio naquela mesa de bar, entre cavacos e pandeiros até o defunto caguete cai as graças desse ai que é o homem. Porque sempre vamos apertar, mas nem  acenderei agora. Afinal, malandro é malandro e mané é mané!

Meu conselho? É deixar de lado esse baixo astral, erguer a cabeça e e tocar um samba, seja de avião ou de uma nota só ou até makossa, mas nunca se deixar levada por esse moinho que é o mundo.

Afinal, quero sim morrer numa batucada de bamba, nessa cadência bonita do samba!"

Conselho Médico

"Quando estamos doentes, afinal não temos outro remédio senão tomar remédio.

O remédio, aliás, sempre faz bem. Ou faz bem ao doente que o toma com muita fé; ou ao droguista que o fabrica com muito carinho; ou ao comerciante que o vende com um pequeno lucro de 300 por cento.

Mas apesar do bem que fazem, devemos convir que há remédios verdadeiramente repugnantes, que provocam engulhos e violentas reações de repulsa do estômago.

Como devemos tomar esses remédios repugnantes? Aí está o problema que procuraremos resolver para orientar os nossos dignos e anêmicos leitores.

O melhor meio de vencer as náuseas, quando temos que ingerir um remédio repelente, consiste em recorrer à lógica dos rodeios, adotando os métodos indiretos, até chegar à auto-sugestão, transformando assim o remédio repugnante numa coisa que seja agradável ao paladar. Numa palavra, devemos tomar o remédio com cerveja, por exemplo.

Como devemos proceder para chegarmos a esse magnífico resultado?

É indispensável comprar, antes do remédio, uma garrafa de cerveja. Depois, é necessário bebê-la devagar, saboreando-a, para sentir-lhe bem o gosto. Liquidada a primeira garrafa, pedimos outra cerveja. Esta   vamos tomá-la de outra forma, também devagar, mas com a idéia posta no remédio, cuja lembrança naturalmente nos provocará asco. Para voltarmos ao normal, encomendamos uma terceira garrafa, com a qual, lembrando-nos sempre do remédio, iremos dominando e vencendo a repugnância. Na altura da quinta ou undécima garrafa, nós já estaremos convencidos de que o gosto do remédio deve ser muito semelhante ao da cerveja e, assim, já poderíamos beber calmamente o remédio como cerveja. Mas, como não temos o remédio no momento e já não temos muita força nas pernas para ir à farmácia, então continuamos a beber a infusão de lúpulo e cevada, até chegarmos a esta notável conclusão: se é possível chegar a se tomar um remédio tão repugnante como cerveja, muito mais lógico será que passemos a tomar cerveja como remédio, porque a ordem dos fatores não altera o produto, quando está convenientemente engarrafado."



"Andarilho da liberdade", Barão de Itararé.

segunda-feira, 21 de março de 2011

                                



Nowhere Man

He's a real nowhere man,
Sitting in his nowhere land,
Making all his nowhere plans
for nobody.

Doesn't have a point of view,
Knows not where he's going to,
Isn't he a bit like you and me?

Nowhere man, please listen,
You don't know what you're missing,
Nowhere man, the world is at your command.

He's as blind as he can be,
Just sees what he wants to see,
Nowhere man can you see me at all?

Nowhere man, don't worry,
Take your time, don't hurry,
Leave it all 'till somebody else
Lends you a hand.

Doesn't have a point of view,
Knows not where he's going to,
Isn't he a bit like you and me?

Nowhere man, please listen,
You don't know what you're missing,
Nowhere man, the world is at your command.

He's a real nowhere man,
Sitting in his nowhere land,
Making all his nowhere plans
For nobody.
Making all his nowhere plans
for nobody.
Making all his nowhere plans
For nobody.


"Isn't he a bit like you and me?"

O peso da escolha



"Seu destino é você quem faz". Essa típica frase de velho sábio da montanha me pegou nesse dia frio em Ponta Grossa city. Fazer escolhar não é fácil, as vezes gostaria de nem fazê-las, mas não se dá pra viver no seu quarto pra sempre...
Pensando muito em uma escolha errada que tomei recentemente me fez pensar em todas as minhas escolhas e como isso refletiu em mim. Tais escolhas influenciam muitas vezes não só a você mas algumas pessoas em sua volta. Uma maçã podre estraga as outras?! De fato, a metáfora mais tosca que eu já ouvi não se enquadra apenas em más companhias, mas também em decisões tóxicas que acabam tornando seu conto de fadas em um fétido mundo de escuridão. Como reverter esse processo? simplesmente encarando!
É, falar é fácil... sempre é! Mas ter a coragem para realizar tal feito é o que lhe faz acreditar na nobreza da natureza humana. Pra mim a natureza humana não é nem um pouco nobre, muito pelo contrário; se pudesse ter nascido uma cabra que seja, seria sem sombra de dúvidas.
Cabras à parte, essas escolhas erradas muitas vezes te puxam para um poço de lástima difícil de sair... Quem sabe se o tempo passasse com as consequências eu faria isso com mais frequência, entretando o agora é tão difícil de encarar quanto a sina da morte.

Pensando na idéia de que você é o que você faz, nessa segunda-feira de março, eu sou a pior pessoa do mundo.

domingo, 20 de março de 2011

Prelúdio



"Sonho que se sonha só
É só um sonho que se sonha só
Mas sonho que se sonha junto é realidade"


 Prelúdio, tirado do dicionário mestre (vulgo Wikipédia), seria "um gênero musical de obras introdutórias de outras obras maiores, geralmente uma ópera ou balé. Difere-se da abertura por antecipar temas da obra que antecede; normalmente nas aberturas os temas não se repetem no decorrer da obra.". Por assim dizer, se faz aqui o prelúdio desse blog, o que eu ainda não faço idéia do que será.
O prelúdio alí em cima, meu favorito, é um trecho do maluco beleza Raulzito, o qual escuto desde girino pelos meus pais. Meus pais... Agora com duas décadas de existência e quase experiência, vivendo e tendo que me limpar sozinho, começo a sentir falta daquelas duas figuras.
Aliás, pra que existe saudade se não para ser sentida? Reclamam de saudade e com razão, sentimento mais fétido impossível, porém me sinto bem tendo saudades... Às vezes sinto saudade das minhas saudades! A saudade dos amigos, a nostalgia, a saudade daquele almoço da semana passada, a saudade de acabar de matar a saudade.
"Chega de saudade, a realidade é que sem ela não há paz, não há beleza. É só tristeza e melancolia" já dizia Tom Jobim. Particularmente gosto da minha melancolia, acho uma caracterísica bonita, poética, uma carapuça que não serve em qualquer um.
Enfim, saudade remete uma lembrança, sendo assim esse prelúdio dita que tudo gira em torno de lembranças. A que me vem na memória agora é uma cena de alguns bons anos atrás, 8 ou 9 anos; eu e meu pai no quintal da minha antiga casa em Tanabi, com a caixa de som reformada que ficava do lado direito daquele sonzinho antigo junto dos várioas vinis do meu velho, ouvindo de Iron Maiden a Chico Buarque até altas horas da madrugada. Ele com um copo de cuba falseta, feita com vodka balalaika, às vezes Smirnoff (quando o santo ajudava), coca cola e limão, fumando um cigarro e olhando para o nada, eu simplesmente pirralho. Passamos várias noites assim e esse era e é ainda hoje meu acalanto.

Meu acalanto agora me faz ter sono. Boa noite.